terça-feira, 10 de abril de 2012

Ao " gauche " de Andrade


                        " Nem tem nome na boca se resume , mas se amplia na consumação
                           de um mistério imenso , colorido de azul , cor de poesia , cheirando a golpe , calúnia , inspiração.
                            O sorriso nascido do medo , colorido de cores tão frias , em teu rosto se vestiu de timidez
 - verso cantado pelas retinas dos teus olhos , puramente inocentes , tão providos de malícia e náusea .
             Mas não terias em tuas mãos a poesia rebuscada se não sulcasses afoito , ou com calma , não sei ,
             o cotidiano do povo , os agoras e os porquês. 
           Foi preciso morrer e não te escondeste.
             Foi preciso chorar , não sei dizer .
              A condição poética se apodera e ensina , educa quem não se cansa .
             Em tua fala a indagação reside , evoca , proclama o sentido profuso de palavras confusas , tão bem elaboradas . Há quem chora sobre tua resposta . Há quem cante sobre tuas perguntas.
              Ademais estamos calados , num gesto estreito e de significado profundo ,
 oculto , abscôndito ,
              próprio de quem não se cansa de admirar tua sepultura e nela descobrir o teu último poema 
             - o derradeiro comunicado .
             Não sei se aceitaste morrer na morte .
                Algo me diz que foste esquerdo até o fim , e que a fio seguiste o conselho do anjo torto ,
                 desses que vivem na sombra , e que disse :
                 " Vai Carlos , vai ser gauche na vida !! " .
                [ Texto : Livro Tempo : saudades e esquecimentos
  ( Pe. Fábio de Melo ), 
terminei de ler  o livro  adorei!!!] 

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