sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Silêncios e palavras / Pe.Fábio de Melo


"A paixão , o encanto, é a ausência de palavras , é a vida revestida de silêncio e transbordando insinuações . O amor sobrevive no mistério , no desvelamento cotidiano que nunca chega à plenitude, porque tudo o que já está pleno , já está pronto.
O amor só é amor porque é inacabado , é metade que chama , implora e pede clemência. Amar é uma interessante e bonita forma de carecer , de ser fraco , de entregar os pontos , de viver sem
armas , como se por um instante , só por um instante , a luta que marca a nossa sobrevivência tivesse entrado em estado de trégua. O encanto que sobrevive no amor
só pode durar enquanto se
estenderem os segredos que sacralizam a relação. E por isso é necessário retirar as sandálias dos pés , pisar com leveza , olhar com cuidado .
O amor é amigo do silêncio . Sobrevive no querer dizer, na tentativa frustada de verbalizar o que é a crença da alma , o sustento do espírito. A saudade é benéfica ao amor . Distantes , os amantes mensuram o tamanho do bem -querer . Medida que se descobre nos desconcertos da ausência , no engasgo constante da recordação , recurso que faz voltar no tempo , engana as horas , aproxima as peles , diminui as estradas , ancora os navios , pousa os aviões, faz chegar os ausentes. "

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